Quem ama não se droga

Em virtude das suas danosas conseqüências, a drogadição é um dos mais graves problemas dos tempos modernos. No entanto, mesmo com tantos prejuízos, muitas criaturas ainda enveredam para esse caminho quase sem volta.

A origem de todas as desarmonias está instalada na individualidade que ainda não conseguiu superar as injunções provocadas pelas fraquezas morais.

Conforme afirma Joanna de Ângelis1“Na psicogênese da drogadição encontra-se o Espírito aturdido, inseguro, às vezes revoltado, que traz do passado uma alta carga de frustrações e de rebeldia.” (…) Não poucos viciados renitentes são vítimas do mesmo hábito que mantiveram em existência anterior, na qual mergulharam em abismo profundo e retornaram com as marcas da dependência que os consome avançando para expiações muito graves no futuro.”

O viciado é um indivíduo que não tolera as próprias frustrações. Acreditando-se merecedor de uma existência sempre agradável, isenta de desafios e obstáculos, busca através das drogas escapar da realidade que não quer enfrentar.

A insegurança diante das dificuldades, a ansiedade, o complexo de inferioridade, a timidez e o medo são fatores que podem levar as criaturas a buscar, através desse bastão psicológico de apoio1, uma fuga momentânea dos problemas ou encontrar a coragem que falta no estado de lucidez.

A vida social embasada em relacionamentos superficiais, construídos para satisfazer interesses, tende a agravar os conflitos existenciais. Com poucas exceções, as pessoas ainda não conseguem se reunir para uma conversa sem se fazerem acompanhar pelos excessos de alimento, da presença do tabaco, das bebidas alcoólicas ou até as chamadas drogas ilícitas. Muitas criaturas receosas de serem excluídas desses grupos, por não seguir os padrões de comportamentos da maioria, sem suspeitar, iniciam a dependência nesse convívio.

Todos os problemas somente serão resolvidos mediante o enfrentamento, nunca através de fugas. Por isso, os resultados conseguidos através dessas substâncias são passageiros e, passado o efeito anestesiante, a criatura, novamente envolvida com seus conflitos, retorna a essa prática tornando-se dependente.

“A ilusão causada pelo tabagismo é paradoxal: inicialmente parece que acalma, que dá vitalidade, no entanto, quanto mais a vítima se deixa arrastar pelo uso doentio, mais neurótica, mais insegura e mais instável apresenta-se1.”

A falsa idéia criada pela mídia de que o uso de determinado produto fará do indivíduo um vencedor, um conquistador insuperável induz, os menos vigilantes, a práticas cujos resultados sabemos serem dolorosos. Infelizmente essas conseqüências não são amplamente divulgadas.

Necessário que haja, por parte do viciado, uma percepção clara da sua condição de dependente, bem como das suas desarmonias íntimas que o arrastam para os vícios.

Terá de revestir-se de força de vontade, paciência e determinação para enfrentar a dependência, pois o processo de libertação não será rápido.

“As leituras edificantes, os exercícios físicos bem programados, não geradores de exaustão nem de ansiedade produzem resultados excelentes, contribuindo para a restauração da saúde1.”

A par do tratamento médico, psicológico, psiquiátrico e dos grupos de auto-ajuda, a terapia da prece se apresenta como suporte significativo para que o viciado encontre a força necessária para a superação da dependência. A oração, aliada a uma mudança de postura diante da vida, permitirá ao indivíduo ver-se de outra forma: com respeito, dignidade e amor. O auto-amor é o ponto culminante da vitória, pois quem se ama não se droga.

Cleto Brutes
11FRANCO, Divaldo. Conflitos Existenciais. Pelo Espírito Joanna de Ângelis. Salvador BA, Livraria Espírita Alvorada, 2005. p. 135-165.