Pluralidade das existências

De onde vêm aptidões extranormais de certas crianças em tenra idade? Por que das aversões e simpatias que surgem espontaneamente entre pessoas de nossas relações? Como entender as sérias doenças congênitas?“Mestre, quem pecou, este homem ou seus pais para que nascesse cego?” (João 9:1-2).

            Você já encontrou respostas coerentes? 

            “Não te maravilhes de eu te dizer: É-vos necessário nascer de novo.” (João 3:7). 

            Há milênios que a reencarnação aparece na história da humanidade. 

            Os egípcios, já há 3.000 a.C. anos, diziam que “antes de nascer, a criança já tinha vivido e que a morte não era o fim”.

            O Papyrus Anana (Documento de 1.320 a.C.) é excepcionalmente preciso: “O homem volta à vida várias vezes mas não consegue recordar-se das existências prévias, exceto de vez em quando, num sonho ou pensamento relacionado a alguns acontecimentos duma vida anterior.”

            Platão (428-348 a.C.) e Sócrates (470-399 a.C.), os maiores filósofos gregos, admitiam as vidas sucessivas.

            Richard Simonetti nos demonstra que entre tantas passagens Bíblicas, a reencarnação aparece de forma objetiva nas referências de Jesus a João Batista. Segundo as tradições judaicas, o profeta Elias deveria retornar à Terra no advento do Messias. Seria o precursor, aquele que anunciaria sua chegada e o apresentaria. Sabemos que Elias reencarnou como João Batista. Jesus refere-se textualmente a isso quando, instado pelos discípulos, diz: “Eu, porém, vos declaro que Elias já veio, e não o reconheceram, antes fizeram com ele tudo quanto quiseram. Assim, também, o filho do homem há de padecer nas mãos deles” (Mateus, 17:12). João fora decapitado a mando de Herodes. É significativa a conclusão dos evangelistas, no versículo seguinte: “Então os discípulos entenderam que lhes falara a respeito de João Batista”.

            Analise a lógica e o bom senso de Allan Kardec no comentário após a questão 171 de O Livro dos Espíritos:“Todos os Espíritos estão destinados à perfeição, e Deus lhes fornece os meios de alcançá-la pelas provações da vida corporal. Mas, na Sua justiça, lhes permite cumprir, em novas existências, o que não puderam fazer, ou acabar, numa primeira prova.

Não estaria de acordo nem com a igualdade, a justiça, nem com a bondade de Deus condenar para sempre os que encontraram, no próprio meio em que viveram, obstáculos ao seu melhoramento, independentemente de sua vontade. Se a sorte do homem estivesse irrevogavelmente fixada após a morte, Deus não teria pesado as ações de todos numa única balança e não agiria com imparcialidade.

A doutrina da reencarnação, que consiste em admitir para o homem diversas existências sucessivas, é a única que responde à ideia que fazemos da justiça de Deus em relação aos homens que se acham numa condição moral inferior; a única que pode nos explicar o futuro e firmar nossas esperanças, porque nos oferece o meio de resgatar nossos erros por novas provações. A razão nos demonstra essa doutrina e os Espíritos a ensinam.

O homem que tem consciência de sua inferioridade encontra na doutrina da reencarnação uma esperança consoladora. Se acredita na justiça de Deus, não pode esperar achar-se, perante a eternidade, em pé de igualdade com aqueles que agiram melhor do que ele. Contudo, o pensamento de que essa inferioridade não o exclui para sempre do bem supremo que conquistará mediante novos esforços o sustenta e lhe reanima a coragem.

Quem é que, no término de sua caminhada, não lamenta ter adquirido muito tarde uma experiência que não pôde mais aproveitar? Porém, essa experiência tardia não está perdida; tirará proveito dela numa nova vida.”

            O filósofo Ney Lobo nos alerta que: “O esquecimento do passado e o estado de dependência da fase infanto-juvenil, favorecem a educação do espírito encarnado.” O véu do esquecimento possibilita o reencontro de desafetos na mesma família, objetivando a melhora dessas relações. 

            O Dr. Jorge Andréa dos Santos, psiquiatra, afirma-nos: “Os renascimentos levam a uma moralização crescente através da lei de causa e efeito, que vai corrigindo desvios, quando necessário.”

            Entretanto, a pretexto de que cada um colhe o que semeia, não nos é lícito um comportamento omissivo. As desigualdades e injustiças sociais são produto do egoísmo e da indiferença.

            A compreensão da palingênese permite-nos a evolução e o desenvolvimento de nossas potencialidades divinas como resultado da educação. Se o presente é o resultado de nossa trajetória passada, desta e de outras vidas, um futuro de paz e felicidade está em nossas mãos, como conseqüência de nossas escolhas atuais, pois cada um é herdeiro de si mesmo.