Paciência

Nós discutimos, perdemos a calma, criamos inimizades, nos incompatibilizamos pela menor razão no trabalho, em casa, nas associações, nos agrupamentos cristãos, provocando brigas e desavenças.

Estamos vivendo uma fase muito crítica. E nunca estivemos precisando tanto de calma e paciência como agora. Até parece que todos os nossos valores estão sendo rigorosamente testados.

A paciência serena, pacífica, sem reações violentas, calma, branda, tolerante, a aceitação tranqüila, a vigilância ponderada são, todas, reações do nosso comportamento que poderão mudar essa atmosfera turbulenta do nosso planeta, na medida em que nos conscientizarmos da necessidade de mudanças e por elas trabalharmos deliberadamente.

A tolerância, o entendimento, a compreensão devem começar no lar. Se alguém está fora do caminho desejável, ou se não estamos gostando muito de certos arranjos caseiros, devemos mobilizar a bondade e a cooperação para que o mal se reduza.

Se os problemas nos preocupam ou comentários nos humilham, calemos os próprios aborrecimentos, amenizando inquietações. Recebamos a refeição diária como benção divina: usemos portas e janelas sem estrondo; não arrastemos móveis ou objetos com arranco; fujamos da gritaria inconveniente; sejamos gentis.

Pacifiquemos nossa área individual para que a área dos outros se pacifique.

Evitar a violência não significa medo; pelo contrário é uma prova de força, inteligência e humildade, pois quase sempre é preciso mais coragem para resistir ao desejo de revidar do que dar vazão ao instinto inferior. Enfim, a opção pela serenidade, pela paciência, é um ato de vontade que exige força e coragem para ser mantido.

Aceitar as reviravoltas da vida como parte do processo de crescimento espiritual, sem medo, sem desespero, mantendo a calma e a alegria, aí reside a coragem.

A paciência é a qualidade que nos ensina a suportar com calma todas as impertinências. Ela nos conduz à benevolência.

Aprendamos a repreender com doçura, a discutir, quando necessário, sem excitação, a julgar as coisas com benevolência e moderação. Fujamos da cólera, porque quando nos encolerizamos, nossos instintos animais despertam e nos tornamos feras.

Aí, desaparece a dignidade, o raciocínio, o respeito a si próprio. A cólera nos cega e nos faz perder a consciência dos nossos atos, e pode até nos induzir ao crime.

As virtudes são belezas da alma e são cultivadas e aprimoradas pelas vivências eternas. É preciso cultivarmos a cautela, a paciência, a perseverança, para podermos aceitar as nossas dores e chagas. Não é fácil exercitarmos esses predicados espirituais, já que, a cada momento, a vida exige de nós respostas completas, atitudes maiores e condicionamentos expressos e rígidos. Afinal, quem dentre nós nunca se irritou? Quem nunca se mostrou indignado ou descrente de alguma coisa?

Dúvidas e indagações são parte da ordem normal no caminho do ser humano, devem ser avaliados e aquilatados, colocados entre parâmetros, até que alcancemos o estado de equilíbrio.

Devemos resumir nossas vidas na verdadeira educação de nossas qualidades, aprimorando-as, tornando-as maiores e absolutas. Comandemos e eduquemos as nossas reações, revertendo-as em saldos positivos e transformando cada momento em situação calma e sincera .

Muitas são as virtudes adquiridas ao longo da estrada da vida. A paciência, porém, é aquela que todos devemos nos esforçar por possuir, porque de posse dela, alcançaremos todas as outras. Quem é paciente, espera o momento certo dos acontecimentos, não se precipita, evitando, assim grandes aborrecimentos…

Deus é paciente. Ele suporta nossos erros repetidos e espera milhares de anos a perfeição de seus filhos. Se “bem-aventurados são os mansos e pacíficos”, e o primeiro passo para atingirmos a mansidão é, sem dúvida, a paciência, sejamos, então, pacientes. A paciência é também uma forma de caridade; a caridade mede o amor de nosso coração e, só o amor nos fará felizes.

Zenaide Zamora
Fonte: Acre Espírita