Origem da Dor (A)

Quando começamos a compreender a vida espiritual, temos a natural tendência de buscar em vidas passadas a origem dos nossos males.

Sabemos que cada um de nós traz consigo uma bagagem de vivências, que podem não ter sido muito boas, pois cometemos erros, quer por ignorância ou acomodação. Todavia, o mais importante de tudo é termos a consciência de que se sofremos é porque estamos ainda atrasados na escala evolutiva.

Assim, o essencial é descobrir em nós tudo aquilo que está atrapalhando nosso progresso e deve ser melhorado. É para isso que estamos aqui nesse plano.

Se Deus nos concede a bênção do esquecimento para que possamos, a cada encarnação, recomeçar uma nova jornada, sem culpas e ressentimentos, por que razão ficar remexendo nosso passado, o qual não pode ser modificado?

A Doutrina Espírita, nos esclarece: – que nem todo o sofrimento é uma reação pura e simples de um mal cometido; – que a dor não fere somente os culpados; – que muitos são Espíritos ávidos de progresso, que escolheram vidas penosas para concluir a sua depuração e ativar o seu progresso.

Em vez de afirmarmos que temos que viver determinada situação por causa de um erro praticado, devemos encarar aquela situação como uma oportunidade de aprendermos algo de que precisamos.

Por exemplo, quando nos deparamos com uma convivência difícil, na família ou no trabalho, ao invés de dizermos que temos que conviver com aquela pessoa difícil porque fomos inimigos em uma vida passada, passando a idéia de ter que suportar tal situação a contragosto, devemos perceber ali a grande oportunidade que estamos tendo para exercitar a paciência, de vencer o nosso egoísmo e de aprender a amar os nossos semelhantes como realmente eles são e não como gostaríamos que eles fossem.

Jesus, em uma de suas passagens por Jerusalém, vendo um homem cego de nascença, foi questionado pelos seus discípulos: “Quem pecou, ele ou seus pais, para que nascesse cego?” Tendo Ele respondido: “Nem ele nem seus pais pecaram, mas é para que nele sejam manifestadas as obras de Deus”. (Jo, 9 – 10 a 34.)

Aquele cego estava ali para que Jesus tivesse a oportunidade de provar a autenticidade de sua missão. E para aquele espírito, certamente, era uma provação apropriada ao seu progresso. André Luiz nos ensina que essa é a dor-evolução, onde o agente passivo da aflição não está sofrendo por causa de um erro cometido, mas simpela causa que abraçou.

Por outro lado, se fizermos uma análise criteriosa e consciente a respeito dos nossos sofrimentos, certamente reconheceremos que muitos são conseqüências naturais da nossa maneira de agir e de proceder, na vida presente.

Sofremos porque erramos nas escolhas, fizemos mau uso do nosso livre-arbítrio. Porque fomos imprevidentes, ambiciosos, não tivemos perseverança nos nossos pleitos, não soubemos limitar os nossos desejos.

Padecemos porque em vez de procurarmos a paz do coração, única felicidade real deste mundo, nos mostramos ávidos por tudo o que nos causará agitação. Dessa forma criamos tormentos e está em nossas mãos evitá-los.

Kardec, em O Evangelho Segundo o Espiritismo, nos ensina que devemos buscar primeiramente dentro de nós, e nesta vida, a principal causa dos nossos infortúnios, sem acusar a sorte, a providência divina ou a má estrela.

Cleto Brutes