Obsessão

O mundo moderno oferece ao ser humano inúmeras oportunidades, mas apresenta grandes desafios não só no aspecto material como no terreno psíquico.

            Não é incomum a situação de alguém que diz: “Tenho distúrbios de comportamento emocional. Tomo medicação há algum tempo, mas nada melhora meu estado íntimo. Pensamentos e sentimentos de tristeza, agitação, idéias fixas ou dispersivas, apatia me assaltam repentinamente e, às vezes, perduram por muito. Disseram-me que estou obsidiado!?”

            Mas, o que é uma obsessão?

            Allan Kardec, o codificador do Espiritismo, definiu-a da seguinte maneira (Livro dos Médiuns, p.306, FEB, 66 ed.): “Domínio que alguns Espíritos logram adquirir sobre certas pessoas. Nunca é praticada senão pelos espíritos inferiores, que procuram dominar. Os bons Espíritos nenhum constrangimento infligem”.

            Richard Simonetti, em seu livro Viver em Plenitude (p.69-70, Ceac) fala-nos da presença dos espíritos em nossa vida: “Não se situam como meros observadores. Participam de nossas experiências, tomam partido em nossas querelas, influem em nossas decisões…

            E o fazem pelos condutos do pensamento, convivendo conosco na tela mental, sem que percebamos que muitas de nossas idéias, desejos e iniciativas têm o seu selo, são filhos de suas sugestões.

            Há que se fazer, neste particular, uma distinção: 

            Os Espíritos evoluídos, chamados superiores, deixam-nos à vontade. Mostram os caminhos retos, mas respeitando o direcionamento que imprimimos às nossas iniciativas. Sabem que a vida é nossa e que devemos exercitar a liberdade de escolher para assumir a responsabilidade do que fazemos. É assim que desenvolvemos experiências que conduzem ao discernimento.

            O mesmo não ocorre com os Espíritos atrasados, chamados inferiores, que eufemisticamente poderíamos denominar “menos bons”, já que, como filhos de Deus, há neles uma renegada mas indestrutível vocação para o Bem, que mais cedo ou mais tarde modificará suas disposições. Até que isso ocorra, exploram nossas mazelas, induzindo-nos a fazer o que desejam comprometendo-nos com o erro e o vício. Isso lhes garantirá plena ascendência sobre nós.

            A chamada obsessão, o domínio exercido por estes Espíritos sobre os homens, um dos mais graves e subestimados problemas que atormentam a humanidade, começa exatamente quando nos rendemos às suas sugestões, a partir de determinados pensamentos e atitudes que abrem as portas de nosso psiquismo à sua influência.”

            No Livro dos Espíritos, questão 469, Allan Kardec pergunta pela sua profilaxia: “Por que meio podemos neutralizar a influência dos maus Espíritos?” A reposta é clara: “Praticando o bem e pondo em Deus toda a vossa confiança, repelireis a influência dos espíritos inferiores e aniquilareis o império que desejam ter sobre vós.”(…)

            A mente do obsidiado controlada pela mente do obsessor, favorece a proliferação de inúmeras enfermidades. Os problemas que acometem uma pessoa obsidiada são bastante complexos e dolorosos, como descreve Suely Caldas Schubert, no livro Obsessão/Desobsessão, FEB, p. 55: “Se tenta agir, gritar, reagir, não tem forças, não comanda mais o seu próprio comportamento e vê-se perdida no cipoal de idéias enlouquecedoras, que sabe não serem suas, mas às quais tem que obedecer porque se sente dominada em todos centros de registro”.

            O obsessor também se vale daqueles que rodeiam o obsidiado, insuflando-lhes impaciência, antipatia e desconfiança, para tornar mais difícil a vida de sua vítima. Esta, por sua vez, depressiva, pessimista, angustiada e lamuriosa, afasta de si até mesmo aqueles com alto grau de solidariedade e de fraternidade, por se sentirem cansados do seu estado doentio. 

            Como a obsessão subordina-se à sintonia, estabelecendo um padrão vibratório conforme o que pensamos, a cura relaciona-se com: 

            a) Confiança em Deus, buscando-lhe inspiração, conscientes de que o melhor nos está reservado;

            b) O nosso empenho de renovação mental

            c) Prática do bem, que é ir além do não fazer ao outro o que não gostaríamos para nós, mas é fazer ao semelhante o que gostaríamos que ele por nós fizesse.

            Somando-se ao tratamento médico e/ou psicoterápico, procurar uma Instituição Espírita, bem orientada, para recebermos assistência espiritual, muito nos auxiliará na renovação íntima e nos esclarecimentos necessários à fé embasada na razão e, por isso mesmo, inabalável, condição importante para mantermo-nos em harmonia e paz.