O sobrenatural e as religiões

As religiões que se baseiam no sobrenatural como pedra fundamental de sua crença estão fadadas a, mais cedo ou mais tarde, mudar seus conceitos ou a sucumbir no tempo. A crença alicerçada em milagres possui uma base muito frágil para se manter firme perante o avanço da inteligência humana e da ciência.

Aquilo que anteriormente era considerado um fato milagroso, ora se prova como corriqueiro, natural, não mais uma exceção, feito por um indivíduo qualquer, não sendo mais privilégio dos “santos”.

O Espiritismo considera a religião cristã de um ponto de vista mais elevado, dá-lhe uma base mais sólida que a dos milagres – são as leis imutáveis que regem o princípio espiritual e material – e o tempo e a ciência virão sancioná-las. Não é o sobrenatural que é necessário às religiões, mas sim a compreensão do que é natural e que tudo segue uma lei harmônica e universal.

É pelas Suas leis sábias e perfeitas, portanto imutáveis, que devemos admirar, respeitar e reconhecer Deus. Não é pela derrocada das leis naturais (milagres) que devemos admirar a Jesus e aos espíritos superiores que já encarnaram nesse planeta, e sim pela concordância com que eles viveram as Leis Divinas, exemplificando o amor e a caridade.

Se usarmos a palavra milagre na sua acepção etimológica, entendida como coisa admirável, teremos sem cessar milagres em todos os momentos da nossa vida, pois tudo é admirável na natureza. Os fenômenos explicados pela Doutrina Espírita, portanto, não são fatos sobrenaturais, pois ocorrem no cotidiano e, muitas vezes, sem a nossa percepção. Basta ter “olhos de ver” e teremos a comprovação da pré e pós existência da alma diante da atual encarnação (reencarnação), e da possibilidade de comunicação entre os dois mundos, o espiritual e o dos encarnados (mediunidade).

O Espiritismo fortalece os laços de união com Deus, mostrando ser Ele a Sabedoria Infinita que preside a tudo (“Não cai uma folha sem que meu Pai não permita” – Jesus), com bondade e justiça, afastando de nossa mente um Deus vingativo e cruel.

A partir desse conhecimento os homens serão verdadeiramente religiosos, racionalmente religiosos, sem a necessidade de buscar a sua fé em pedras que vertam sangue, em imagens que vertam lágrimas ou em “santos” que atuem contra as leis naturais.

Baseado em “A Gênese”,
Allan Kardec, cap.XIII, itens 18 e 19 – IDE