O necessário e o supérfluo

O fato de que um dia todos iremos desencarnar, está entre as poucas certezas que temos na vida. 

            Para alguns isso é motivo de angústia, ansiedade e medo pelo desconhecido; outros se negam até mesmo a falar no assunto, quanto mais a pensar; outros, porém, conseguem enfrentar esta situação com menos pesar e temor porque creem que Deus nos criou imortais. 

            O Espiritismo – Consolador prometido por Jesus – nos mostra que a justiça divina está comprovada na reencarnação, nas vidas sucessivas que o espírito tem para evoluir através da vida no corpo físico; o desencarne é apenas uma mudança de dimensão, pois continuamos vivos, mas sem o corpo físico, esperando uma nova chance de retornar à matéria para os reajustes necessários, corrigindo falhas dessa e de outras existências. 

            E nessa mudança de dimensão, de estado do espírito, só poderemos levar junto aquilo que realmente é nosso, aquilo que é de uso da nossa alma: a inteligência, os conhecimentos adquiridos, as qualidades morais, aquilo que ninguém pode nos tirar e que vai nos ser útil no mundo espiritual.

            O nosso lugar na espiritualidade estará subordinado ao que tivermos para levar junto. Não nos será perguntado: quanto dinheiro tinhas na Terra? Que posição social ocupavas? Eras príncipe, doutor, trabalhador ou operário? Morava numa mansão ou numa casa modesta? Eras patrão, empresário ou empregado assalariado?

            Nada disso nos será perguntado, nem será levado em consideração. Seremos questionados sobre o que fizemos com o que tínhamos, como agimos com os outros e, em conseqüência, o que trazemos conosco (amizade ou discórdia; paz ou desassossego; amor ou ódio…). Não serão somados os nossos bens materiais nem nossos títulos, apenas nossas virtudes, o conhecimento adquirido e as boas obras que realizamos.

            Com o desencarne teremos que explicar o que fizemos com nossa oportunidade de encarnação.

            Poderemos dizer com tranquilidade que materialmente falando tínhamos apenas o necessário ou buscávamos insistentemente o supérfluo, a ponto de vivermos estressados com as dívidas e sem tempo para a família e o crescimento espiritual?

            Soubemos usar com justiça, caridade e sabedoria os bens terrenos, auxiliando os outros, nunca os prejudicando? Ou será que o orgulho, a vaidade, o egoísmo falaram mais alto e usávamos apenas para adquirir bens materiais supérfluos, que não vão conosco além do cemitério?

            É importante que reflitamos sobre o que valorizamos: o Ter (bens materiais) ou o Ser (bens espirituais)?

            É necessário que nos conscientizemos urgentemente de que o homem não possui de seu senão apenas aquilo que pode levar deste mundo no momento do desencarne.

            Só depende de nós sermos mais ricos em nossa partida desse mundo. Ricos em “tesouros” que Jesus nos alertou para que juntássemos, os quais terão valor na espiritualidade. Deles é que dependerá a nossa condição futura quando desencarnados.