Memórias

   É possível despertar, na consciência de um indivíduo em transe, as recordações esquecidas da infância? E as lembranças anteriores ao nascimento? As reencarnações vividas fazem parte de nossas memórias?

Duvidar disso hoje, é duvidar da própria ciência, pois inúmeros cientistas, em diversos lugares do mundo, comprovam, baseados em pesquisas sérias, a memória do ser individual analisando, através das terapias regressivas, os sentimentos, as sensações e as emoções vividas pelo paciente na época dos acontecimentos.

Inicialmente, os terapeutas preocupavam-se com os fatos marcantes na infância do paciente. Posteriormente, projetou-se a pesquisa à vida intra-uterina. Com o aprofundamento dos estudos, percebeu-se que em estágios alterados de consciência, o indivíduo recordava outros fatos ligados a outras épocas, outras vidas.

Brian Weiss, conhecido psiquiatra norte-americano, admitia-se cético a respeito dos conceitos de vidas passadas e de reencarnação, até que uma paciente sua, Catherine, “vivencia”, inesperadamente, reencarnações passadas e coloca fatos e acontecimentos inegáveis de vidas anteriores. Dr. Brian relata isso no livro “Muitas Vidas, Muitos Mestres”(Editora Sextante). Junto a ele James Van Praagh, Elisabeth Kübler-Ross, Jan Steverson, entre outros cientistas, também estão realizando pesquisas, comprovando a reencarnação.

Já no século XIX Albert de Rochas, Pierre Janet estudavam o tema. Leon Denis1 relata experimentações ocorridas em 1888, descritas em 1900 no Congresso Espírita em Paris, semelhantes ao que hoje utiliza a moderna psicologia, na Terapia de Vidas Passadas (TPV) no tratamento de traumas, fobias e desajustes sociais. Desde aquela época tinha-se grande prudência e preocupação com erros e fraudes. Como coloca Denis: “É necessário, principalmente, colocar-se em guarda contra excessos da auto-sugestão e só aceitar as descrições dentro dos limites em que é possível examiná-las e verificá-las(…), numa palavra, um conjunto de provas que apresentem um caráter verdadeiramente positivo e científico.”

Os verdadeiros sábios não contestam os fatos somente porque eles não se adaptam às suas opiniões, mas pesquisam profundamente até que os fatos comprovem ou não os novos conceitos.

A memória do indivíduo não está no cérebro; ela está no corpo perispiritual, fluídico, que sobrevive à morte do corpo físico e permanece ligado ao espírito nas suas novas reencarnações. A memória fica adormecida para que não atrapalhe a nova experiência na matéria, podendo ser acionada, com permissão da espiritualidade superior, quando convém ou se faz necessária.

O fato de os seres humanos não acreditarem que a Terra girasse em torno do sol, não sendo o centro do Universo, não alterou as leis naturais defendidas por Galileu e comprovadas, posteriormente, por Isaac Newton. O fato de alguns não crerem na reencarnação também não altera sua existência e de ser essa lei uma comprovação da bondade e justiça Divina que permite aos seus filhos, imperfeitos, retornarem quantas vezes forem necessárias até aprenderem a amar, perdoar, aperfeiçoarem-se, enfim, serem felizes.

Luis Roberto Scholl
1DENIS, Leon. O Problema do Ser do Destino e da Dor. 23. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2000