MedoDa Velhice

  O ser humano carrega em seu íntimo muitos medos, e dentre eles o de envelhecer. Os motivos podem ser adoecer, ser abandonado, perder a beleza física e morrer, entre outros. Mas muitos desses medos não estão necessariamente ligados à velhice.

As doenças ocorrem em qualquer idade, da criança ao adulto, pois todos estão sujeitos às enfermidades. Assim, como tudo na natureza, o corpo físico sofre um desgaste com o passar dos anos, mas essa é uma realidade que não chega de repente porque, a partir do momento em que reencarnamos, iniciamos o processo de crescer e envelhecer.

O medo do abandono também não tem razão de ser; só se sente abandonado aquele que não ama o suficiente, pois plantando amor colhe-se amor. Não devemos escolher amar apenas este ou aquele, porque Jesus não disse para amarmos somente os nossos familiares e amigos, e sim para amar o nosso próximo, seja ele quem for. O exercício da caridade, seja por meio de uma conversa, uma visita a um enfermo, uma prece, um ensinamento compartilhado nos torna solidários e evita a solidão.

Outro medo é o da perda da beleza física, muito valorizada na sociedade atual, onde a sensualidade tem sido muito explorada, tornando esquecidos os objetivos traçados para nossa evolução espiritual. Lembremos que ao desencarnarmos levaremos apenas as virtudes do espírito e que o corpo físico é instrumento para essa experiência reencarnatória. Cuidemos do corpo, com exercícios físicos, alimentação saudável, bons pensamentos e atitudes, a fim de que ele possa nos proporcionar uma velhice saudável, mas sem demasiado apego.

Muitas pessoas temem a velhice por sentirem-se mais próximas da morte, como se diariamente não desencarnassem pessoas de todas as idades. A Doutrina Espírita nos esclarece que a morte não existe, já que somos espíritos imortais e o nosso desencarne é o regresso ao verdadeiro lar, quando colheremos os frutos plantados nesta encarnação.

A velhice traz também, em alguns casos, a angústia do tempo se esgotando e a tarefa ainda incompleta. Buscando, todos os dias, aprender algo novo, superar nossas imperfeições, amar a todos, possuiremos a consciência tranqüila de ter feito o melhor ao nosso alcance. Com essa determinação, renovada a cada dia, a velhice não trará nem angústia, nem medo, mas sim a serenidade da experiência e a tranqüilidade de termos feito a nossa parte por um mundo melhor.

Não tenhamos medo de envelhecer, pois cada etapa de uma encarnação é um capítulo do nosso aprendizado. Procuremos valorizar cada dia que nos é concedido como uma nova oportunidade de recomeço e, se o nosso vigor físico já não for o mesmo da juventude, que possamos contribuir positivamente em favor do nosso grupo familiar e social, mantendo o coração ativo, já que para amarmos não são necessárias nem força física, nem mental, mas apenas a humildade e o conhecimento das Leis Divinas.

O espírito não envelhece, sempre é tempo de sermos úteis, recomeçarmos e aprendermos, pois nossa tarefa, como espíritos imortais que somos, é infinita.