Mediunidade Perseverante

“Que o médium, entre vós, que não sinta força para
perseverar no ensinamento espírita, se abstenha; porque não
aproveitando a luz que o ilumina, será menos escusável do
que um outro, e deverá expiar a sua cegueira.” Pascal1

            A recomendação é objetiva: caso queiramos atuar na seara da mediunidade, é preciso perseverar no estudo teórico/prático dos ensinamentos dos Espíritos, isto é, pesquisarmos e aplicá-los a nós mesmos, caso contrário, seríamos como aqueles que não realizam aprendizagem alguma, porque não aproveitam os instrumentos que o Espiritismo nos fornece.

Assim, a leitura, o estudo, a reflexão em torno de O Livro dos Médiuns e das obras básicas é fundamental como medida preventiva em relação à decepções, às investidas de espíritos inferiores, ou extravagâncias doutrinárias, evitando-se que sejamos joguetes nas mãos de encarnados e desencarnados que do Espiritismo carregam apenas a “maquilagem”, sem contudo, terem se ocupado com o seu amadurecido estudo.

Allan Kardec, com sua sabedoria peculiar, ressalta que “(…)o estudo preliminar da teoria é indispensável, se se querem evitar os inconvenientes inseparáveis da inexperiência(…)2. Portanto, precisamos compreender teoricamente os mecanismos do fenômeno espírita antes de lançar-nos às atividades experimentais e estudarmo-nos nas experiências práticas, buscando sempre entender como o fenômeno sucede conosco mesmo; porque, para tal mister, a autonomia do médium é ferramenta indispensável à sua devida educação.

Outro aspecto importante é que, quando nos percebermos dotados da faculdade medianímica jamais devemos expor-nos, sob nenhum pretexto, ao seu exercício em reuniões frívolas onde “(…)se perguntam todas as espécies de banalidades, que se faz ler a boa sorte pelos espíritos, (…)”3.

Graças à compreensão dos mecanismos de sintonia espiritual que regem nossas relações com os Espíritos, sabemos que são nessas reuniões, que mais parecem passatempos do que um labor de alta envergadura como deveria ser a reunião mediúnica, que são atraídos Espíritos Inferiores em virtude do baixo nível das conversações ou interesses dos encarnados; aliás o “(…) simples bom senso diz que os Espíritos elevados não podem vir em tais reuniões, onde os espectadores não são mais sérios que os atores.(…)”4

Desse modo, é fundamental meditarmos em torno da proposta do benfeitor espiritual que sugere aos médiunsperseverarem no ensino espírita, exercendo a sua tarefa com respeito interior, abnegação e trabalho, entregando-se ao ideal com uma certa unção adquirida na compreensão da missão do Espiritismo para com o progresso humano, no que tange a derrubar a incredulidade e demonstrar a insipiência do sistema materialista, tão emulador da ganância, da sexolatria e do hedonismo que tem conduzido muitas criaturas à situações de sofrimento e de correção.

Vinícius Lousada – Rio Grande – RS
1 Kardec, Allan. O Livro dos Médiuns, 2ª Parte, Cap. XXXI, item XIII. Araras, SP. IDE.
2 Ibidem, item 211.
3 Ibidem, item 325.
4 Ibidem.