Intolerância Religiosa

 “Nada existe de pior nem mais perigoso do que uma criatura fechada em suas próprias idéias, convicta de possuir a verdade absoluta, de saber mais que todas as outras ou de estar iluminada pela luz divina, que só a ela e a mais ninguém foi dada. Essas criaturas ‘cheias de si mesmas’, satisfeitas consigo próprias, envaidecias com a própria ignorância, têm produzido mais dores, mais sofrimentos e mortes cruéis do que as pragas e as pestes, as doenças sem curas e as guerras”. J. Herculano Pires

Ainda hoje existem ataques pessoais entre líderes religiosos e a utilização dos meios de comunicação para denegrir a imagem desta ou daquela doutrina.

Existem divergências, em alguns casos, bastante acentuadas entre as doutrinas religiosas. Cada qual diz estar com a verdade, e tem sua razão, pois cada uma possui um fragmento dessa verdade universal.

Nada, porém, justifica a intolerância ou os ataques pessoais, só porque não professam a mesma fé religiosa. Só criticamos algo quando não estamos seguros daquilo que sabemos. Quem provoca ou participa destas disputas religiosas ainda não compreendeu o verdadeiro sentido de religião, que está em nos ligar ao Criador através da convivência harmônica, da união e da fraternidade entre as pessoas e a natureza.

Apesar das diferenças, quase todas as religiões, sejam elas ocidentais (basicamente o Cristianismo, nas suas mais diversas formas: Espiritismo, Catolicismo, Protestantismo …) ou as orientais (entre elas Budismo, Confucionismo, Judaísmo, Islamismo …) se baseiam no amor ao próximo, na caridade e no crescimento espiritual de cada indivíduo.

O fato de alguns acreditarem em espíritos e reencarnação, outros em anjos, santos, céu e inferno e aqueles terceiros em Alá ou Jeová ou na ressurreição dos corpos, isto em nada altera o fato de que todos nós somos criaturas de Deus, filhos do Pai Maior, voltados para nossa evolução espiritual.

Jesus, que é modelo para todas as religiões cristãs, não se relacionou apenas com seus seguidores. Ele não se negou a ir à casa de ricos e pobres, de pessoas de boa ou má índole, curou o filho do príncipe da Sinagoga, auxiliou a mulher adúltera, exemplificou a caridade através do samaritano, que era o pária dos judeus. Ele enxergava, acima das diferenças exteriores, a essência. Jesus reconhecia os seus discípulos pelo amor que cada um distribuía aos outros.

Allan Kardec, em O Evangelho Segundo o Espiritismo, explica que, independente de religião, “fora da caridade não há salvação”. E é na caridade, nas suas mais diversas formas: indulgência, tolerância, benevolência, amor, paciência, perdão, que podemos dar passos seguros rumo ao nosso crescimento espiritual.

Cada um deve encontrar o seu caminho, independente da religião que professe; e que essa escolha o auxilie a ser uma pessoa melhor, ajudando a compreender o mundo em que vivemos, baseado sempre no respeito às demais linhas de pensamento diferentes da escolhida por nós.

Não procuremos paz pelas vias da guerra.

Não pretendamos amor pelas vias do ódio.

Não queiramos impor nossas idéias, pois as verdades sempre se revelam através da mansidão.

Luis Roberto Scholl