Infância e EducaçãoII

A criança é um espírito imortal que reinicia a sua aprendizagem no mundo, trazendo consigo, ao renascer, uma bagagem de experiências milenares, mas carregando também o germe de seu aperfeiçoamento. Seu objetivo ao reencarnar na Terra é evoluir, desenvolver suas potencialidades que se encontram adormecidas, corrigir os erros cometidos no passado, superar os próprios defeitos e desenvolver gradativamente o germe da perfeição.

“O período infantil é o mais sério e o mais propício à assimilação dos princípios educativos”. (Emmanuel) A criança tem a manifestação de sua inteligência limitada na infância e, na medida que seus órgãos se desenvolvem, gradualmente a bagagem interior começa a se manifestar. Portanto, como essa bagagem interior, trazida de outras vidas, não se encontra totalmente aflorada, a criança torna-se mais receptiva ao processo educativo.

Joamar Zanolini Nazareth, no livro “Um desafio chamado Família” (Minas Editora), explica com muita clareza acerca da situação: “É nesta fase que o espírito observa, analisa e grava profundamente tudo o que ouve e vê, estando mais flexível aos esforços dos pais por ainda não haver despertado toda a sua carga de sentimentos, vícios, desejos, hábitos”.

Os maiores responsáveis pelo papel de educar são os pais, que devem oferecer os estímulos necessários ao progresso da criança, não só despertando o potencial que se encontra temporariamente “adormecido”, corrigindo os impulsos mal direcionados, como também desenvolvendo as demais potências da alma, visando despertar os poderes latentes do Espírito. “Os espíritos dos pais têm por missão desenvolver os dos seus filhos pela educação” (Livro dos Espíritos, questão 208).

O Evangelho Segundo o Espiritismo, no cap. 5, item 4, ensina que as causas atuais das aflições humanas são conseqüências naturais do caráter e da conduta daqueles que as suportam e diz: “Quantos pais são infelizes com seus filhos, porque não combateram suas más tendências no princípio! Por fraqueza ou indiferença, deixaram se desenvolver neles os germes do orgulho, do egoísmo e da tola vaidade que secam o coração; depois, mais tarde, recolhendo o que semearam, se espantam e se afligem pela sua falta de respeito e ingratidão”.

Gerar confiança na criança, esclarecendo-a, estimulando-a, auxiliando o Espírito confiado em suas mãos, para que se torne um ser que pensa, sente e age no bem, através da razão e do bom senso, devem ser objetivos dos pais. Com o desenvolvimento da razão, a criança começará a analisar os fatos e as situações, pensando e escolhendo o melhor. Já com o desenvolvimento dos sentimentos, a criança despertará para o amor, para a bondade, aproximando-se de Deus. Eis aí, a verdadeira educação, a educação do Espírito, que desenvolve as potências da alma, favorecendo a autonomia intelectual e moral.

A mudança em nossa sociedade começa pela mudança no pensar de nossas crianças. Allan Kardec, assim manifesta-se: “Como aguardar uma sociedade aprimorada sem a melhoria do homem e como esperar um homem melhorado sem a educação moral da criança”.

Pricila Lehn