Estranho culto ao sofrimento (O)

Talvez influenciados pelos atavismos que trouxemos da nossa longa jornada evolutiva, ainda temos o hábito de valorizar o sofrimento e os problemas. Quando, por algum contratempo, atrasamos ou faltamos a um compromisso, provavelmente a justificativa não será aceita, a menos que seja em razão de uma dificuldade. Damos maior atenção aos filhos quando estão doentes, do que quando eles estão saudáveis. Tem-se a impressão que, na visão de muitas pessoas, os obstáculos e acidentes são mais valorizados que a alegria e a facilidade.

Presenciamos diálogos de pessoas competindo para ver quem sofre mais. Quanto maior a tragédia, parece que os méritos são maiores.

Nosso mestre Jesus, que abdicando de esferas superiores, veio trazer uma mensagem de amor, fé, esperança e libertação, ainda é muito estimado pelo sacrifício que culminou com o término da sua presença física entre nós. Por que não lembrá-lo pelo bem que ele fez, pela sua passagem vitoriosa, pelo muito que nos amou? E certamente foi muito feliz por isso.

Quando Jesus disse que a felicidade não é deste mundo estava referindo-se à felicidade plena, só atingível em esferas superiores a que encontramos atualmente aqui na dimensão física da Terra. Podemos ser felizes aqui também. Isso depende da nossa forma de encarar as coisas, normalmente focada no negativismo. Se observarmos, de forma criteriosa, veremos que vivemos em um mundo maravilhoso, com problemas, mas com muitas coisas boas também.

Quantas mãos caridosas que se unem para ajudar o semelhante. Quantos trabalhadores anônimos que fazem da vida um ato de amor à humanidade e são muito felizes por isso.

As dificuldades surgem no caminho daqueles que se equivocam na semeadura, mas a vida nos presenteia a cada dia com instantes de alegria e possibilidades de renovação. O importante é não permitir que os momentos menos agradáveis mereçam destaque maior que necessitam ter; é não permitir que o lado negativo das pessoas e das coisas seja motivo da nossa atenção principal, pois aproveitar a vida é valorizá-la pelo que ela tem de bom e agradável.

Nas esferas superiores da Terra e em outros planetas mais evoluídos, todos os habitantes são felizes. Lá não há ausência de lutas, nem desafios e também não há ociosidade. Todos trabalham, e muito, e por isso são venturosos. Doando-se em favor de toda a humanidade, exercitando a caridade e o amor, estão recebendo para si o que constroem em favor da causa maior que é a regeneração de todos os povos.

Deus é amor e somos filhos desse amor, criados para viver em plenitude esse sentimento. Quanto mais aprendemos a amar, mais nos aproximamos do Criador e mais o compreendemos. Façamos da nossa vida uma história vitoriosa, sem jamais desistir de lutar, de viver, de ser feliz, de amar, independentemente do que nos aconteça. A vida é maravilhosa quando sabemos aproveitá-la, sem nos tornarmos vítimas de circunstâncias que não nos são favoráveis.

Cleto Brutes