Em Defesa da Mulher

  O grau de perfeição de uma sociedade é medido pelo modo como seus habitantes agem. Entre outros fatores, a discriminação e o racismo denunciam o quanto uma sociedade é imperfeita. Seja motivado pelo sexo, raça, religião, cor, nacionalidade, o preconceito nunca é justificado.

Em uma sociedade onde a mulher ainda ressente a falta de oportunidades iguais ao homem, de salários semelhantes em funções semelhantes, sendo discriminada em praticamente todos os setores da vida, vemos o quanto temos que caminhar para atingir a madureza do Espírito. Isso sem referir situações extremas, como regiões onde a mulher é considerada um ser inferior, sendo obrigada a vestir-se de modo a esconder-se de todos, levando chicotadas de homens e crianças do sexo masculino, sem direito a nada; ou as discussões dos religiosos na Idade Média se a mulher era uma criatura que possuía alma ou se era semelhante aos animais!?! Mesmo após “adquirirem” a alma, continuaram sendo consideradas inferiores aos homens durante um bom período da história.

Foi num 8 de Março, marcado na história como o Dia Internacional da Mulher, que centenas de trabalhadoras perderam a vida, incendiadas junto a uma fábrica, em uma luta por melhorias de condições de trabalho, de remuneração e tratamento digno, semelhante ao dado aos homens.

Allan Kardec, pseudômino de Hippolyte Léon Denizard Rivail, lançou em 1857 uma obra revolucionária: “O Livro dos Espíritos”. Em forma de perguntas, respondidas pela Espiritualidade Superior, em uma ampla pesquisa metódica, através das mãos de Kardec, a humanidade tem, finalmente, respostas para muitas perguntas e anseios.

Antecipando-se em muitos anos ao movimento feminista das décadas de 70 e 80 do século passado, os Espíritos afirmam que o homem e a mulher são iguais perante Deus e têm igualdade de direitos, pois ambos possuem a compreensão do bem e do mal. Ante o questionamento da aparente inferioridade da mulher em algumas regiões, a resposta foi de que isso é resultado de um domínio injusto e cruel imposto pelo homem, como um abuso da força de seres pouco adiantados do ponto de vista moral e psicológico.

O Espiritismo veio comprovar a imortalidade da Alma, a reencarnação, a lei de causa e efeito, afirmando que reencarnamos ora como homem, ora como mulher, para que na escola da vida, nos aperfeiçoemos e nos tornemos seres mais justos, dignos, melhores. Aquele que hoje subjuga as pessoas do sexo oposto e não faz nada para melhorar a igualdade de direitos, provavelmente passará pela situação inversa em reencarnações posteriores e, no aprendizado da dor, compreenderá que todos somos filhos do mesmo Pai.

Mesmo que as funções sejam diferentes, pois as aptidões de homens e mulheres também são diferentes, ambas se completam. Assim termina a resposta dos Espíritos à questão 822-a: “(…) A lei humana, para ser justa, deve consagrar a igualdade de direitos entre o homem e a mulher; todo o privilégio concedido a um ou a outro é contrário à justiça. A emancipação da mulher segue o progresso da civilização, sua subjugação marcha com a barbárie. Os sexos aliás, existem apenas no corpo físico, uma vez que os espíritos podem encarnar em um ou outro, não há diferenças entre eles nesses aspectos e, conseqüentemente, devem ter os mesmos direitos.”

Que na busca de igualdade de direitos, a mulher não cometa os mesmos erros e excessos cometidos pelos homens. As conquistas devem ser feitas com serenidade, sensibilidade e delicadeza, características marcantes dos seres que compõe o universo feminino. Como poeticamente disse o grande escritor francês Victor Hugo: “O homem está colocado onde termina a Terra; a mulher onde começa o Céu.”