Dimensão Espiritual Do Centro Espírita

 Quando adentramos uma Casa Espírita, nem sempre nos damos conta de que além dos estreitos limites da nossa capacidade de percepção, há uma outra dimensão por onde transitam os Espíritos. No entanto, não há uma linha divisória que limita uma dimensão da outra. A nossa capacidade de percepção, com os sentidos físicos, é que estabelece essa demarcação. Este mundo e o espiritual se interpenetram, pois não estão em geografias diferentes.

Essa outra dimensão tem para os Espíritos, que também são fluídicos, uma aparência tão material, quanto a dos objetos tangíveis para os escarnados e são, para eles, o que são para nós as substâncias do mundo terrestre1.

Antes mesmo de ser edificado no plano da matéria a Casa Espírita já está estruturada na sua dimensão espiritual, onde operam os benfeitores espirituais que atuam nos dois planos da vida, protegendo, sustentando e auxiliando, tanto encarnados como desencarnados.

Manoel P. de Miranda2, quando visitava uma instituição espírita afirmou que a pobreza das percepções humanas dá uma idéia irreal do que acontece além das dimensões orgânicas entre os dois mundos (p. 204). Verifiquei que a multidão de desvestidos da matéria era bem maior do que a constituída pelos companheiros terrenos (p. 208). Quando lá chegamos, notei a estrutura de que se constituía, do ponto de vista espiritual. Equipamentos especiais encontravam-se colocados em pontos estratégicos, inclusive camas para tratamentos cirúrgicos (…) (p. 187). Infelizmente, muitas pessoas ainda não compreendem a maneira saudável de comportar-se em determinados lugares onde se apresentam (…) tornam-se palradoras, movediças, inquietas (…) (p. 168).

Irmão Jacob3, quando de suas atividades depois da desencarnação, como preparação para as tarefas que assumiria, visitou dezenas de instituições onde encontrou multidões de Espíritos como se fossem acidentados as portas dos hospitais de emergência.

Toda esta realidade extra-física, não está isolada do mundo físico. Encarnados e desencarnados convivem num amplo intercâmbio de idéias e vibrações conforme o mundo mental de cada um. Como estamos todos mergulhados no Fluido Universal, através do pensamento, interferimos na ambiência da Casa Espírita e por conseqüência na sua dimensão espiritual.

André Luiz4 observa que ao emitir uma idéia, passamos a refletir as que se lhe assemelham, idéia essa que para logo se corporifica, com intensidade correspondente à nossa insistência em sustentá-la, mantendo-nos, assim, espontâneamente em comunicação com todos os que nos esposem o modo de sentir. É nessa projeção de forças, a determinarem o compulsório intercâmbio com todas as mentes encarnadas ou desencarnadas, que se nos movimenta o Espírito no mundo das formas-pensamentos, construções substanciais na esfera da alma, que nos liberam o passo ou nô-lo escravizam, na pauta do bem ou do mal de nossa escolha.

Dirigido, pois, o pensamento para um ser qualquer, na Terra ou na dimensão espiritual, de encarnado para desencarnado, ou vice-versa, uma corrente fluídica se estabelece entre um e outro, transmitindo de um ao outro o pensamento, como o ar transmite o som5.

A qualidade do trabalho e a sintonia que estabelecemos com o outro plano vai depender dos pensamentos, sentimentos e propósitos do conjunto de pessoas que se reúnem. Por isso Kardec6 afirmou que uma reunião é um ser coletivo, cujas qualidades e propriedades são a resultante das de seus membros e formam como que um feixe. Ora, este feixe tanto mais força terá, quanto mais homogêneo for.

Cleto Brutes
1 KARDEC, Allan. A Gênese. 37 ed. Rio [de Janeiro]: FEB, 1996. cap. XIV. item 3.
2 FRANCO, Divaldo. Entre os dois Mundos. Pelo Espírito Manoel P. de Miranda. Salvador,BA: LEAL, 2005.
3 Xavier, Francisco. Voltei. Pelo Espírito Irmão Jacob. 05. ed. Rio [de Janeiro]:FEB, 1972 – cap. 6
4 ______ Mecanismos da Mediunidade. Pelo Espírito André Luiz. 22.ed. Rio [de Janeiro]:FEB, 2003. p. 48
5 KARDEC, Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo. 112. ed. Rio [de Janeiro]:FEB, 1996. cap. XXVII, item 10.
6 ______ O Livro dos Médiuns. 65. ed. Rio [de Janeiro]:FEB, 1999. item 331.