Desilusão

    Você já viveu momentos de desilusão, de desencanto, de desapontamento? Certamente que sim, pois todos nós, em determinados momentos da vida, já experimentamos esse sentimento que tanto nos fere o coração. Afinal, ainda vivemos em um mundo de provas e expiações, onde há a presença muito forte da dor, que não deve ser vista como um castigo divino, mas fruto das escolhas inadequadas feitas por seus habitantes, encarnados e desencarnados, que se encontram ligados a este planeta.

Se é verdade que todos já vivenciamos a desilusão, não é menos verdade dizer que a consideramos um episódio negativo, de intenso sofrimento. Mas que tal começar a pensar que a desilusão é algo útil e positivo?

O dicionário conceitua desilusão como sendo “a perda da ilusão”; é aquela visão falsa, enganosa, a respeito de algo ou alguém.

Se pararmos para pensar, veremos que somos nós que criamos as ilusões, esperando que os outros ou alguma situação sejam como gostaríamos.

Iludimo-nos a respeito de uma pessoa quando fazemos uma criação mental falsa, desejando que ela seja ou aja de acordo com nossos gostos e expectativas, esperando atitudes que não condizem com a realidade, nem com suas escolhas, mas com o nosso desejo; então vem a desilusão, quando o outro não satisfaz a expectativa por nós criada, quando age de modo diferente daquele que esperávamos.

Nesses momentos de desencanto, começamos a enxergar a realidade, ver as coisas como elas realmente são e não como fantasiamos ou sonhamos. Isso não se torna um fato positivo? Preferimos viver na fantasia ou conscientes da realidade? Mudemos, então, nossa ótica com relação à desilusão. Procuremos ver nesse acontecimento um fator de crescimento pessoal e espiritual, como o momento de retirar dos olhos a “catarata” que nos impedia de enxergar com clareza e lucidez.

A desilusão poderá causar momentos de intensa tristeza, desencanto, estado de depressão e de isolamento. Caso não consigamos superá-los com nossos próprios recursos, busquemos ajuda através da psicoterapia, da meditação e da prece, sintonizando com espíritos amigos que nos auxiliarão com energias salutares e através da inspiração de bons pensamentos.

Que as desilusões experimentadas não sirvam para nos afastar das pessoas, fazendo-nos temer os relacionamentos, pois somos seres sociais, fomos criados por Deus para vivermos juntos, nos auxiliando e amparando, não exigindo do outro aquilo que ele não pode dar, servindo-nos das experiências como oportunidades de aprendizado da tolerância, paciência e perdão.

“A natureza deu ao homem a necessidade de amar e ser amado.Um dos maiores prazeres que lhe seja concedido sobre a Terra é o de reencontrar corações que simpatizam com o seu, o que lhe dá as premissas de uma felicidade que lhe está reservada no mundo dos espíritos perfeitos, onde tudo é amor e benevolência: é um prazer negado ao egoísta.1

Cláudia Johann Scholl
1KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. Araras, SP: IDE. Comentário à questão 938.