Desafios da Convivência

 Vivemos num cenário onde impera a diversidade. Diferentes crenças, valores, culturas, raças, anseios, tornando a convivência desafiadora.

Como seres únicos, Espíritos em processo de aprendizagem, transitoriamente de passagem por este plano, trazemos na bagagem o aprendizado já realizado, mas também imperfeições a serem vencidas através da convivência com irmãos de caminhada evolutiva que estão criteriosamente colocados no nosso convívio, para que juntos aprendamos a viver em harmonia.

Observa Kardec1 que homem nenhum possui faculdades completas. Mediante a união social é que elas umas às outras se completam, para lhe assegurarem o bem-estar e o progresso. Por isso é que, precisando uns dos outros, os homens foram feitos para viver em sociedade e não insulados.

Desse modo, em consonância com as Leis que regem nossas vidas, necessitamos aprender a viver em sociedade. Sob qualquer ângulo que se analise a existência humana, facilmente vamos concluir que somente haverá prosperidade com harmonia. Na família, na religião, na sociedade, nas relações de trabalho, somente haverá progresso onde prevalecer a ordem.

Como desenvolver essa habilidade? Toda aprendizagem nova exige esforço e perseverança. Iniciamos por onde podemos mudar, ou seja, por nós mesmos. Conhecendo-nos melhor, procurando ter uma postura diferenciada diante dos outros. Como nos propõe Jesus: Fazer ao outro aquilo que gostaríamos que o outro fizesse para nós. Na dúvida, podemos nos perguntar: como Jesus agiria nesta situação? Quando buscamos seguir ao Cristo, ou seja, fazer como Ele fazia, aos poucos vamos estabelecendo um novo padrão de comportamento.

As dificuldades, os tropeços e quedas morais ainda farão parte da nossa vida, por um bom tempo. Mesmo assim, não devemos nos intimidar com as imperfeições que ainda nos induzem ao erro. Conforme ensina Paulo2“E não vos conformeis em este mundo, mas transformei-vos, renovando a vossa mente, a fim de poderdes discernir qual é a vontade de Deus, o que é bom, agradável e perfeito.”

Precisamos aprender a pensar diferente, discordar, mas sem nos tornarmos inimigos. Aquele que diverge não poderá ser encarado como adversário. Os maiores conflitos nascem, não do que dissemos ou fazemos, mas da forma como agimos. Toda a conversação e até a discussão deve ficar no campo das ideias e das atitudes, sem enveredar para o campo pessoal. As críticas e análises devem ser feitas de forma específica e impessoal, sem generalizar.

Como vivemos entre seres imperfeitos, vamos nos defrontar com pessoas de difícil trato. Inevitavelmente em determinadas ocasiões seremos ofendidos, magoados por seres que ainda não aprenderam que a gentileza, a educação e a cordialidade são fundamentais para a saúde física, mental e espiritual. Por isso, Joanna de Ângelis3leciona: Desculpa, tu, quando defrontado por acusações ou suspeitas, por perseguições ou infâmias. Tem em mente que somente te acontece aquilo que irá contribuir para o teu progresso espiritual, se souberes utilizar-te com sabedoria da ocorrência negativa, sem piorar a situação daquele que a desencadeia.

Nos relacionamos com aquelas pessoas que, por alguma razão, foram atraídas ao nosso convívio, principalmente por necessidades de aprendizados. Por isso, como cristãos, temos o compromisso de agir diferente, oferecendo a outra face, como ensinou Jesus. Diante do mal, ofertamos o bem, tendo a certeza que a melhor réplica é sempre a do nosso próprio trabalho, do esforço útil que nos seja possível.4

Fazendo o bem que está nas nossas possibilidades, vamos aprendendo a estabelecer relações harmônicas e permitindo que os conflitos e as dificuldades impactem positivamente no amadurecimento espiritual, meta primeira e essencial da nossa estada neste plano.

Cleto Brutes
1KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. 89. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2007. questão 768.
2Paulo – Romanos, 12:2
3FRANCO, Divaldo, Diretrizes para o êxito. Pelo Espírito Joanna de Ângelis. 02. ed. Salvador, BA: LEAL, 2004. p. 208.
4XAVIER, Francisco. Boa Nova. Pelo Espírito Hunberto de Campos. 30. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2002. p.70.