Cultivo do mal (O)

 Vivemos uma época em que a divulgação do mal é tão grande que até parece que ele predomina sobre o bem. O certo é que o bem existe, embora não tenha a mesma propaganda. Essa constatação nos leva a refletir sobre como buscar a nossa melhora própria sem nos deixar influenciar pelo mal que é ainda praticado.

            A primeira providência é não cultivar o mal.

            Quando descuidamos da qualidade de nossos pensamentos estamos atraindo para nós energias semelhantes, cultivando essas vibrações. Dessa forma, além das energias negativas, atraímos espíritos desencarnados que compartilham desse sentimento. Sabemos que a morte não modifica ninguém e, conhecendo a humanidade terrena, é fácil imaginar a quantidade de espíritos que se perderam pelo caminho do mal e ainda estão ligados a esse plano, esperando uma oportunidade para nos influenciar.

            Também, quando comentamos sobre tragédias, crimes, acidentes, revivemos esses acontecimentos e, inconscientemente, alimentamos essas energias.

            Quando frequentamos ambientes onde as qualidades morais não são observadas somos estimuladores dessas práticas; cultivamos o mal, quando assistimos a um mau filme, porque se ninguém assistisse os filmes violentos e imorais, ninguém os produziria. Os maus programas de televisão, nós criticamos, mas continuamos assistindo; se apreciássemos somente a boa música, as outras, com certeza, não teriam mercado.

            Quando apontamos e comentamos os defeitos dos outros também estamos cultivando o mal. No livro dos Espíritos, questão 903, Kardec questiona se há culpa em estudar os defeitos alheios e recebe como resposta que, se for com o fito de os criticar e divulgar, há muita culpa, porque isso é faltar com a caridade; se for com intenção de proveito pessoal, evitando-se aqueles defeitos, pode ser útil. Os espíritos nos lembram que a indulgência com os defeitos alheios é uma forma de caridade. Se pretendermos auxiliar alguém, não devemos nos deter nas deficiências morais do nosso semelhante. E antes de buscar as imperfeições dos outros, busquemos as nossas.

            Devemos procurar reformar o que está errado, antes que esse processo aconteça de forma mais dolorosa. É importante que não esperemos que aconteça algo de grave em nossas vidas para que possamos repensar a nossa maneira de viver. Não deixemos o nosso corpo físico contrair uma doença grave para que abandonemos os nossos vícios. Não aguardemos as dificuldades, as desarmonias em nosso lar para então iniciarmos a prática do Evangelho no Lar, para pensar em Deus ou seguir uma religião, quando a nossa jornada terrena já se encaminha para o seu final.

            O melhor momento para o reencontro com Deus, com Jesus, é quando tudo está bem, quando temos com saúde, emprego, harmonia no lar.

            Somente dirigimos nossa vida, quando temos o controle dos nossos pensamentos e das nossas ações. Do contrário, poderemos estar sendo dirigidos pelas más influências ou pelos vícios dos outros.

            Pelo autoconhecimento é que educaremos os nossos pensamentos, já que eles são os projetos das ações que executaremos. Se os nossos pensamentos são direcionados para o bem, as nossas ações consequentemente, também o serão.