Compreendendo a Dor

  “(…) a dor é uma lei de equilíbrio e educação.” 1

Dor-expiação: vem de dentro para fora, tendo como causa erros do passado, desta ou de outra vida. É a conseqüência da prática de algum mal, não necessariamente da mesma ordem que o que sofre. O orgulho, o egoísmo, os vícios, o ódio, a sexualidade irresponsável, entre outros sentimentos equivocados, desarmonizam o indivíduo desencadeando degenerações no corpo físico, manifestando-se através das doenças cármicas. É o caso do paralítico da piscina de Betesaida (Jo 5, 1 a 17), que quando curado, ouviu de Jesus: “Vá e não peques mais para que não te aconteça coisa pior”.

“O sofrimento não tem exclusiva finalidade corretiva, senão educadora, abrindo percepções e facultando valores que não seriam conhecidos sem o seu contributo.” 2

Dor-auxílio: programada antes da reencarnação, servindo como medida preventiva para evitar desvios no plano reencarnatório, ocasionar reflexões profundas pelas limitações que ocasiona ou evitar que o ser caia no mesmo erro de outra vida. Também se manifesta através de doenças prolongadas que antecedem o desencarne, a fim de proporcionar meditação e disciplina sadia. Assim, a expiação serve sempre de prova, mas nem toda prova é uma expiação 3 visto que pode ter sido pedida pelo espírito em dor-auxílio.

“A dor é o aguilhão que o impele para frente, na senda do progresso.” 4

Dor-evolução: vem de fora para dentro, um sacrifício, sem que o agente tenha dado causa ao sofrimento através de um erro do passado. Muitas vezes são simplesmente provas buscadas pelo Espírito para concluir sua depuração e ativar seu progresso 5. É o caso do cego de nascença (Jo 9, 1 a 12), que aceitou a cegueira a fim de cooperar com a causa do Messias, sendo por ele curado. Ele sofreu pela causa do Mestre e não por causa de um erro cometido. É também o caso dos missionários que aceitam sofrer males físicos, a fim de exemplificarem a resignação e aprimorarem o espírito. Essa dor é vivenciada de diferentes modos por todos os encarnados, sempre que um fato externo cause provação, exigindo paciência e calma. Pode ser encontrado no desemprego, na ingratidão dos filhos, no cônjuge difícil, entre tantas outras situações comumente vivenciadas.

“Esforça-te por seres a teu turno um exemplo para os outros; por tua atitude na dor pelo modo voluntário e corajoso com que a aceites, por tua confiança no futuro, torna-a mais aceitável aos olhos do outros.” 6

Claudia Schmidt
1 DENIS, Leon. O Problema do Ser, do Destino e da Dor. 22. ed. Rio [de Janeiro]:FEB, 2000. p. 372.
2 ÂNGELIS, Joanna. Otimismo. 5. ed. Salvador, Bahia: LEAL. p. 148.
3 KARDEC, Allan. O Evangelho segundo o Espiritismo. 99. ed. Rio [de Janeiro]:FEB, 1998. cap. V, item 9.
4 KARDEC, Allan. A Gênese. 37.ed. Rio[de Janeiro]: FEB, 1996. cap. III, item 5.
5 KARDEC, Allan. O Evangelho segundo o Espiritismo. 99. ed. Rio [de Janeiro]:FEB, 1998. cap. V, item 9.
6 DENIS, op. cit. p. 399.