Os Autorrealizadores

É muito fácil perceber quando estamos tristes. Porque é tão difícil saber quando estamos felizes?

A capacidade de olharmos para nós mesmos com firmeza e honestidade e reconhecer tanto o que há de bom quanto o que deve ser corrigido é a mais poderosa fonte inexplorada de energia humana.

Este autoconhecimento amadurecido reduz muito a ansiedade do homem moderno, levando-o a aceitação de si mesmo e a perceber o que o leva a felicidade, provocando, como consequência, o equilíbrio e a saúde emocional.

Por não se conhecer, o indivíduo faz escolhas equivocadas, tanto na profissão como na vida pessoal, porque focaliza mais o acidental, o temporário do que o essencial, o permanente. Às vezes, o que mais lhe importa é o prestígio, a vaidade, o parecer, não se dando conta das próprias habilidades, sentimentos e aspirações verdadeiras.

Quem entende que uma posição elevada não é sinônimo de prosperidade, nem de sucesso, já esta com meio caminho andado para a felicidade.

Abraham H. Maslow, um estudioso do comportamento humano, definiu os autorrealizadores como aqueles indivíduos que tem a capacidade de usarem integralmente as suas potencialidades e se tornarem tudo aquilo que são capazes de ser. Não pensam naquilo que poderia ter sido se… e não se acomodam frente as primeiras dificuldades.

Por se conhecerem e se aceitarem como são seguem o pensamento de Santo Agostinho: “Ama a Deus e faze o que quiseres”- ou seja, sê sadio e segue os teus sentimentos.

Dedicam-se ao trabalho ou a uma causa com determinação por entenderem que a felicidade está em ser útil ao próximo, não permitindo o egocentrismo ou a introspecção – causas maiores da ansiedade e da infelicidade.

Toleram as incertezas, porque sabem conviver com o desconhecido, o inesperado, sem se sentirem ameaçados ou amedrontados. Admitem não conhecer todas as respostas e muitas vezes vão em busca do ignorado, superando verdades incontestes até então. Como exemplos temos Cristóvão Colombo, Galileu Galilei, Allan Kardec e outros.

Possuem um senso de realismo incomparável. Distinguem o que é verdadeiro do que é falso, o que é possível do que é ilusório, enxergando a realidade e não o desejo; a esperança verdadeira e não o imaginário. Por conhecerem a realidade não se desapontam nem com si, nem com os outros. Também não reclamam por “a água ser molhada ou a pedra ser dura”.

Apreciam sinceramente a vida. As coisas simples são fontes permanentes de felicidade e prazer.

Para se tornar um autorrelizador e ter progresso em todos os segmentos da vida é importante questionar:

– Tenho vontade realmente de progredir?

– O desejo de progredir é meu ou apenas dos outros?

– Estou disposto a pagar o preço mais caro (esforço, abnegação, renúncias, dedicação) pelo progresso e sucesso?

O insucesso é, na maioria das vezes, fazer o que não se quer. O sucesso é saber e fazer o que se quer. Certa vez um jornalista abandonou o bom emprego que tinha para se dedicar a ser escritor. Após dois anos de intenso trabalho e poucos frutos, voltou para a antiga ocupação. Só que agora ele está mais feliz porque tem ciência do que realmente sabe fazer e o seu sonho de escritor não se tornou frustrante por que ele havia tentado.

O Espírito necessita da reencarnação pois este é o único meio de progredir. Quando percebe que é agente ativo na obra de Deus, suas escolhas deixam de ser egoísticas e temporais, passam a ser humanitárias e com objetivos nobres. Kardec, no comentário à resposta da questão 132 de O Livro dos Espíritos, esclarece que “A ação dos seres corpóreos é necessária à marcha do Universo”, sendo esta a forma do ser progredir e se aproximar de Deus. O indivíduo promove a sua autorrealização quando cumpre o planejamento reencarnatório, feito com esmero ainda quando estava na espiritualidade.

Luis Roberto Scholl