Aprendendo Com o Tédio

 Muitos passam uma vida inteira entediados, esgotando uma existência que poderia ser benéfica para a construção da sociedade. Como diz a música popular “O que me consome é o tédio”.

Será o tédio simplesmente algo execrável? O tédio pode ser positivo ou negativo, dependendo da postura tomada em relação a ele.

Normalmente, quando os objetivos humanos buscados com ênfase e determinação são conquistados, encerram em si o sentido e o significado da vida. Na carreira quando se atinge os patamares desejados profissionalmente, pode haver desinteresse ou desânimo; na maternidade, o excessivo apego à prole produz aflições quando os filhos partem para o rumo de suas próprias existências (síndrome do ninho vazio); o contato diário com a violência e as injustiças pode gerar indiferença e conformismo; a busca de fama, fortuna e poder como objetivos de vida traduz-se, quando atingidos, em vazios existenciais; todas essas situações, entre outras, podem produzir tédio.

Na condição das conquistas terrenas, pode-se associar o tédio à perda de motivação e aborrecimento frente à vida, provocando desconforto moral, físico e espiritual.

Joanna de Ângelis1 assinala em sua obra um alerta:

“Quando te percebas a um passo do tédio, por uma ou outra razão qualquer, assume nova postura e busca uma atividade que te preencha o tempo físico e o mental com estímulos para o prosseguimento da tua existência útil.

Nunca te considere impossibilitado de trabalhar, de agir no bem, de produzir.

Por mais complexos que sejam os impedimentos que te apresentem, se insistires na ação, descobrirás recursos valiosos para o prosseguimento jubiloso da existência corporal.”

O tédio e a falta de vontade dificilmente ocorrem quando objetivos superiores estiverem aliados às conquistas no campo terreno. A automotivação decorre do contato com as pessoas, suas necessidades e com os serviços que devem ser realizados. Aspirar a ideais nobres, nos objetivos reencarnatórios, resulta em uma vida profícua em trabalho, realizações e felicidade.

O tédio, portanto, deve servir de alerta para os reais fins que objetivam a vida. Se padecermos deste flagelo, é imperioso despertar enquanto é tempo, deixando de supervalorizar o que é transitório e perecível para elevar o que é imortal e eterno.

Positivamente, o tédio também age no seio da espiritualidade ainda incrustada na inferioridade, que adere ao mal espontaneamente. Na obra Libertação2, André Luiz analisa a situação de Gregório, espírito comandante das legiões voltadas para o mal, que apenas se abre para novos conceitos, para a Luz trazida pelos benfeitores após seentediar na prática das iniqüidades, cansando do sofrimento que provocava e padecia.

Pelas mãos de Divaldo Franco, Joanna3 orienta:

“Substituindo, embora sem cancelar, as aspirações em torno das conquistas materiais por aqueloutras de ordem moral e espiritual, o sentido existencial permanece e o ser humano avança sem detença na construção da plenitude, auto-iluminando-se, auxiliando o seu próximo e auto-realizando-se. (…)

Conforme assevera com propriedade um velho refrão, que o trabalho é ainda a melhor maneira de fazer o tempo passar, labora sem descanso e acompanharás o suceder das horas em clima de alegria.”

Luis Roberto Scholl
¹FRANCO, Divaldo. Diretrizes para o êxito. Pelo Espírito Joanna de Ângelis. 2 ed. Salvador, Ba: LEAL, 2004. p.83
²XAVIER, Francisco. Libertação. Pelo Espírito André Luiz.26. ed. Rio[de Janeiro]. FEB, 2003.
³FRANCO, Divaldo. Idem. p. 84