A arte de bem envelhecer

Final de ano, familiares reunidos, conversa fraterna, oportunidade de exteriorizarem-se reflexões. Alguém com 50 anos, bem situado material e culturalmente, diz que: “Da vida, restam-lhe apenas mais 10 anos…” Sim. Dez anos aproveitáveis, porque após os 60 não lhe restará mais o que desfrutar. Seus passos já não terão a firmeza nem a agilidade dos tempos de juventude e vigor físico. A visão fatalmente dará sinais de cansaço. Atenta à conversa, sua filha, com 7 anos, irrompe em choro. Quando consegue expressar-se, demonstra desespero ante à expectativa do pai de ser vencido pela idade e frustração diante do futuro sombrio descrito.

Outro amigo, 68 anos, aposentado e avô de 6 netos, disse-nos: “Inscrevi-me em um curso de computação e aprendi a jogar vídeo game com meus netos. Foi extraordinário para eles e para mim. Há 3 anos, integrei-me como voluntário no setor de assistência e promoção social de uma Instituição Espírita. Hoje sei que a principal causa do vazio existencial na terceira idade é a desatualização e a falta de ideais da alma. Olha, eu diria aos que estão no entardecer da existência, que mantenham sempre aceso o interesse pela vida em todas as suas manifestações. Velhice não é doença, nem incapacidade de sermos felizes. Há uma diminuição de forças físicas, e daí? Exercitemos nosso cérebro e permaneçamos joviais. Não troco meus 68 anos pelos 25 que há muito desfrutei. Hoje vivo em mais plenitude e consciência do real sentido da vida”.

O primeiro relato deixa-nos um conceito materialista e entristecedor. Entretanto, o segundo é uma lição de entusiasmo, espiritualismo e alegria de viver.

A Doutrina Espírita confirma-nos que somos espíritos e temos, em cada etapa de uma nova vida, da concepção ao desencarne, passando pelos desafios e oportunidades da 3ª idade, momentos de aprendizado que podem capacitar-nos à felicidade, na vivência equilibrada das experiências do espírito em evolução.

O envelhecimento não está nas rugas, nem na falta de força física, mas no vazio de ideais.

Se alguém , vencido pela idade, compartilha o nosso caminho, sejamos para ele o apoio e não o tropeço, porque um dia, com a graça de Deus e persistente esforço, seremos velhos biologicamente e que a nossa velhice não seja de arrependimentos tardios.

E você, já escolheu o seu caminho? Amadurecer e crescer espiritualmente ou deixar-se vencer pela idade e, simplesmente, envelhecer?

 

Antonio A. C. Nascimento