A ajuda possível

Frequentemente nos angustiamos diante de amigos e familiares que estão passando por alguma dificuldade, mas que rejeitam ajuda. Mesmo conscientes que suas atitudes estão agravando os seus problemas, não conseguem ou não aceitam mudar.

Sabemos que não é fácil conviver com o sofrimento de pessoas queridas, mas precisamos compreender que a única pessoa que podemos mudar é nós mesmos. Somente podemos ajudar quem efetivamente está disposto a ser ajudado.

Os próprios Espíritos benfeitores sofrem vendo seus tutelados acomodados ou teimosamente insistindo no erro. Mas eles não desistem. Fazem o que lhes compete: a prece e as vibrações amorosas, e deixam que a vida, com os seus mecanismos de redenção, se encarregue de fazer o despertamento de cada um ao seu tempo. Ás vezes será necessário que as dores maiores venham agir sobre as dores menores.

Persistamos oferecendo a ajuda possível, sem violentar o livre-arbítrio das pessoas, através da prece, do diálogo fraterno e oferecendo os bons conselhos quanto nos for oportunizado. Como nos ensinam os Espíritos1, a fé não se prescreve, nem, o que ainda é mais certo, se impõe.

Também é importante mostrar o lado prático das questões, utilizando a lógica e a razão, para que cada um compreenda as suas necessidades de renovação.

Se o problema se resume a mágoas e ressentimentos, oferecer mensagens que falem do perdão. Falar que o perdão faz bem, principalmente para quem perdoa. Quem perdoa deixa de dormir com o inimigo. Sim, aquele que não perdoa leva junto para sua cama e para os seus sonhos os seus desafetos. O perdão é uma libertação, pois a mágoa nos corrói por dentro e nos faz adoecer. Enquanto pensamos nos desafetos, deixamos de cuidar de nós mesmos, de construir a nossa felicidade.

Explicar que o perdão não liberta o ofensor de ter que prestar contas a Deus pelos seus atos equivocados. As Leis Divinas atingem a todas as criaturas e independentemente de nós.

Lembrar da necessidade de termos uma religiosidade, de estarmos vinculados a uma religião. Aquela na qual nos sintamos melhor. Um núcleo onde, pela união de esforços, possamos nos fortalecer na fé, na coragem e nos instruir na doutrina de Jesus. Quanto mais próximos do perdão, do amor e da caridade, propostos pelo Cristo, mais leve e suave se torna o fardo.

Acima de tudo, confiar em Deus, persistindo na prece. Com o tempo tudo se resolve, sem pressa e sem sofrer junto, pois em algumas situações realmente não há nada que se possa fazer além da nossa presença, do nosso carinho e das nossas orações.


Cleto Brutes
1 KARDEC, Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo. 99 ed. Rio de Janeiro: FEB, 1998. Cap. XIX, item 7.